“Estava à tua espera.”
Chegamos ao Bairro do Paraíso. Aqui residem famílias que vivem da terra e da agricultura doméstica, cuja preciosidade é o cultivo do café. Bairro centenário nas lavouras cafeeiras, contém a história inconfundível de cada família, numa vida comunitária intensa, unidos e solidários no trabalho, no lazer e na espiritualidade junto ao Mosteiro do Paraíso.
A Igreja local, as famílias e os monges, buscam viver as experiências das parábolas do Evangelho, e particularmente se identificam quando Jesus fala: da lavoura cercada de cuidados e de carinho (Mt 21,33); da videira que produzindo bons e mais frutos ainda (Jo 15,1), apresentam as primícias, “fruto da terra e do trabalho humano’’, a Deus Pai, na grande celebração do Cio da Terra.
Assim compreendemos e vivemos
neste Paraíso abençoado.
Seja(m) bem vindo(s)
entre nós!.
“Da cepa brotou a rama,
da rama nasceu a flor,
da flor nasceu Maria,
de Maria, o Salvador!” Is 11
A Coroa de Advento, as rosas, a relva...
símbolos também usados na Liturgia
das Horas, celebramos cada dia:
“Eis que venho sem demora e trago
comigo a recompensa a cada um”
Apc 22,12
Este jardim nos lembra o
“memorial” do mistério da
Encarnação do filho de Deus,
Jesus Cristo, no seio da
Virgem Mãe, a Estrela da
Manhã, Rosa Mística, Arca
da Aliança na espera do Natal
de seu filho.
“Olharão para Aquele que transpassaram”
Zc 12,10. Jo 19,37
A serpente de bronze sobre a haste, sinal da cura do povo de Deus na travessia do deserto e Jesus sobre a Cruz, com o seu “Coração” transpassado pela lança, que jorra água...
O Jardim faz refência à Quaresma cristã: a travessia do deserto, a passagem do Mar Vermelho, a superação das misérias e a vitória da Vida sobre a Morte...
A gratuidade de Deus nos redimiu
e libertou pela Paixão, Morte e
Ressurreição de Jesus Cristo, seu
Filho Ùnico.
Leva-nos a refletir,
silenciar, penitenciar,
contemplar e bendizer
a Deus Pai:
é a Páscoa do Senhor!
Ilustração: MBdesign
CRIAÇÃO, a SALVAÇÃO, o ETERNO..
“Deus contemplou toda a sua obra,
e viu que tudo era muito bom.”
Gn 1, 31
Este Jardim é uma obra inacabada aos olhos de Deus. Formado de três segmentos é o espaço central geográfico
e espiritual do mosteiro, como se quisesse desvelar o sentido mais profundo do “lugar do Encontro”.
O primeiro espaço fala da obra da criação,
como “primeira Palavra” de Deus Pai e Criador: “Fiat” (Faça-se!): a água, o fogo, a luz... Flores, árvores, frutos, peixes, ...o homem.
O segundo segmento do Jardim apresenta
sinais do “Tempo da Salvação”: na plenitude dos tempos, o Filho de Deus “humanou-se” e nascido do seio virginal de sua Mãe, após a sua vida terrena, foi morto e sepultado.
“ Até os pássaros encontram abrigo, e as andorinhas fazem ninho, para seus filhos, junto dos seus altares” Sl 84,4s
O Jardim guarda a lembrança das datas
de construção e reformas pelas quais se fizeram a Capela São José do Paraíso: 1921, o início, 1937, o novo presbitério, 1949, o coro, a entrada e a Torre.
Depois de décadas, esperava-se uma nova e grande reforma que aconteceu entre 2008 a 2011, com a instalação do Mosteiro do Paraíso.
Estes vitrôs, da década
de 1950, foram aqui
preservados como um
“memorial’’ no Jardim
da Capela.
“ José, seu esposo, era um homem justo” Mt 1,19
A Capela de São José, erigida em 1921, no meio de um talião de café, em frente à “Casa da Fazenda”, foi cercada de cuidados e carinho por Celeste Vacari, seus filhos e zeladores.
Ao longo dos anos tornou-se como a “pedra angular” na formação, no sustento e na irradiação de uma comunidade cristã cheia de vitalidade.
Dedicada a São José, aqui
celebra-se a Missa Dominical,
acolhem-se os visitantes,
busca-se, a oração. Todos
cuidam da Capela como
se fosse um cômodo
da sua casa. A Capela, a
Casa da fazenda e o café
são raízes profundas
desse lugar.
PASSEIO AUTO GUIADO
Eu vi um novo céu e uma nova terra
descendo do céu” Apc 21,1 ss
O terceiro segmento do Jardim revela-nos ‘passagem’: do provisório ao definitivo, da imagem à realidade, do tempo ao eterno...
No sinal do ‘relógio de sol’, desponta a silhueta do Crucificado Ressuscitado, o “Kýrios” e Senhor, cujo Coração aberto pela lança jorra água. Ele está coroado por uma elipse de luz que se expande ao infinito.
Ele, “Caminho”, nos conduz-nos por uma ponte sobre as águas turbulentas”, “Verdade”, transforma nossa frágil existência em homens novos e novas criaturas, “Vida”, sacia-nos e cura-nos com as águas que jorram do seu Coração.
Princípio e fim de tudo
e de todas as coisas, a
Ele mesmo viemos
encontrar.
"Abraão dirigiu-se apressadamente para
sua tenda e pediu a Sara: “Toma depressa
três medidas da melhor farinha, amassa-a
e prepara três pães!” Gn 18,6s
Olhamos esta figueira como as raízes profundas de um povo, a comunidade São José do Paraíso. Também como sinal da Hospitalidade, primeiro carisma do mosteiro, herdado da própria singularidade deste bairro.
Neste santuário natural acontecem momentos belíssimos de louvor e de ação de graças durante o Ano Litúrgico. Entre as muitas cenas bíblicas, lembra-nos especialmente a do carvalho de Mambré, Abraão e Sara acolhendo os três peregrinos.
Também sob esta
figueira acontecem
gestos simples e
fraternos.
Sejam bem
vindo
“Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o colocaste, e eu irei
buscá-lo”. Então, Jesus falou: “Maria!”
Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: “Rabûni (Mestre)!” Jo 20,15s
Centro de um novo “Édem”, tudo se faz de uma harmoniosa humildade: a água, o fogo, a terra, o vento, a videira... a “Porta”, a mesa. As 12 colunas, os 72 toscos bancos sob um baldaquino coroando tudo.
É a primeira construção física do mosteiro, à 02 de Fevereiro de 1990, quando foi celebrada a missa, ainda sem saber, a não
ser o Espírito, perguntava-se a si mesmo: o que virá ser este “sinal de contradição?” Lc 2
Aos poucos delineava-se o que viria a ser
esse Paraíso.